"A partir do momento que foi fecundado, aquilo já é um indivíduo";
Esses são dois dos argumentos mais comuns contra o aborto. Na verdade, eles representam dois grupos de argumentos, são dois tipos de argumentos.
O primeiro é o de quem faz julgamento de caráter das pessoas que militam por algum motivo. Estas são aquelas pessoas guiadas pelo senso comum da internet de que quem defende alguma causa que vá em prol da humanidade é algum tipo de babaca.
Quem usa este argumento pensa mais ou menos que se pede a legalização do aborto porque se quer ter uma sexualidade irresponsável, sem precisar se preocupar, pois depois é só abortar. Falácia do espantalho. O problema não é esse. Vamos chegar lá.
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A lógica do segundo argumento é mais ou menos assim |
O segundo é comum vir daquelas pessoas sem conhecimento ou fundamentalistas, que acham que a sua visão é a realidade. Para os "defensores da vida", assim que há a fecundação, já há um indivíduo. Essa é uma coisa que pode até ser que dependa um pouco de ponto de vista. Para fins legais - no caso, para considerar o ato de abortar como sendo o mesmo que matar alguém -, indivíduo é depois que nasce, a partir do momento que vem ao mundo. Retirar um feto não é o mesmo que matar uma pessoa, para fins legais (leigamente falando).
Mas, já para fins biológicos, o feto pode começar a ser considerado um indivíduo, ou algo próximo de um, a partir da 12ª semana de gravidez, que é quando o bebê começa a desenvolver o sistema nervoso central. Antes disso, nada. Portanto, se quer considerar que o bebê antes de nascer é um indivíduo, tem que olhar isso pra decidir a partir de qual momento abortar pode ser considerado matar, se é que pode ser.
Parece que eu estou separando as pessoas que são contra o aborto em dois grupos, mas na verdade quem é contra usa os dois tipos de argumentos e mais, e não ou um ou outro. Desde que corrobore sua visão de mundo, não importa que seja merda. E também, existem muitos outros argumentos mais idiotas que esses contra o aborto, mas peguei só esses dois porque havia coisas que eu queria observar sobre eles. Com certos outros, argumentos burros que caem pra sua própria lógica, nem vou perder tempo.
Agora dá uma olhada na argumentação a favor da legalização do aborto:
Os que usam o primeiro argumento seguem um raciocínio do tipo "Na hora de fazer foi bom, né? Agora lida com a responsabilidade!".
Mesmo que a pessoa não devesse ter feito um filho, o que você tem a ver e quem é você pra dizer se essa pessoa deve ou não ter o direito de corrigir um erro?
São os valores da sua religião que dizem isso? Ou sua opinião pessoal? Você sabe que nem uma nem outra norteia a vida de todo mundo a sua volta, não sabe?
Esse é o argumento final. Não importa se o feto ou o bebê com 12 meses já são indivíduos, não importa que seja errado pra bíblia, não importa sei lá mais o quê.
Não é obrigatoriedade de aborto, é só legalização. Você não sabe da vida de cada um, e a pessoa pode ter fortes motivos pra querer - ou precisar - abortar (estupro... e etc). Uma pessoa pode ter motivos pra abortar, e o justo seria que a constituição lhe desse essa opção. Nenhuma regra cagada, opinião, conceito, pode invalidar essa afirmação, porque não teria nada a ver com ela.
Não estamos falando do aborto em si nem da "moralidade" envolvida, e sim da sua legalização, sua descriminalização, de dar essa opção às pessoas que precisam.
Agora que você entendeu o que eu estou dizendo (né?): você concorda, não concorda? Ainda é contra a legalização do aborto (e não o aborto em si)?
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