Melhor dizendo, por definição a ciência é o acúmulo de saber, ou seja, tudo o que se sabe.
Pare pra pensar no que o ser humano sabe (ou crê saber, mas isso é outra conversa e de maneira nenhuma invalida o que será dito aqui). História, geografia, física, biologia, as línguas... tudo o que sabemos é ciência. Ou melhor, assim era antigamente. Hoje, ciência é todo o conhecimento adquirido através do método científico.
Muitas pessoas a quem a ciência não agrada parecem ver a mesma como sendo apenas algo feito para confrontar os ensinamentos de sua religião, ou algo semelhante, aceitando apenas as partes que não vão de encontro a sua visão de mundo. E, o principal problema aqui: as pessoas tratam a ciência como uma espécie de religião, porque nós "escolhemos acreditar" no que os livros didáticos ensinam. Vamos lá...
Fico me perguntando o que criacionistas estão fazendo na escola, por exemplo. Estudam toda a história, por exemplo, e não acreditam? Talvez só decorem aquela matéria pra passar, sem querer absorvê-la porque sua realidade é outra, em que a terra tem 6 mil anos, o primeiro homem foi feito de barro e a mulher da costela dele, talvez literalmente...
Se essa pessoa perguntar para a avó, ou outra pessoa mais velha alguns fatos sobre a ditadura, por exemplo, ela vai lhe contar, e essa será uma prova de que o que ele estudou sobre ditadura na escola é verdadeiro. A mesma coisa que comprova que o fato histórico da ditadura foi verdadeiro é a que comprova aqueles fatos que são muito mais antigos que a bíblia: aquilo foi visto em algum momento e registrado. Esse exemplo foi usado mais como apenas apresentação de uma lógica do que como um exemplo, porque a história é uma área de estudo que não necessita de um escrutínio complexo, visto que não precisa formular hipóteses. A função do método científico, no entanto, é a mesma em qualquer ciência: verificar os fatos. Seja na biologia, na física, etc.
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O método científico |
E assim chegamos a uma das características mais importantes da ciência, e exatamente o que a distingue de uma religião: ela é falseável. Se o método científico encontrar algum erro numa teoria até então aceita, ela será corrigida sem nenhum problema, orgulho ou vergonha de admitir que estava errado. Não é um dogma. Não é uma crença religiosa, que é imutável, nem nada do tipo.
Voltando às religiões, estas não veem, em suas aplicações cotidianas, necessidade de um escrutínio para se verificar o que dizem, porque as seguimos usando da fé religiosa, o que significa que não é necessário provas pra dizer que Deus é real, por exemplo (não é conveniente?).
Você acreditar ou não em Deus vai dizer se, no seu mundo, ele existe ou não. Assim, sua crença pessoal naquilo faz toda a diferença. E se eu deixar de acreditar na gravidade, vou poder adquirir a capacidade de sair voando, ou mudar de qualquer outro jeito a forma como ela se aplica sobre mim? É, acho que ciência não é religião pra eu acreditar ou não e achar que isso vai fazer diferença, concorda?
Outras observações que cabem aqui:
Quando você vê na televisão falarem "cientistas acreditam que...", isso não significa que os cientistas estão usando de uma fé religiosa naquilo. Significa apenas que é àquilo que todas as evidências vão apontando;
Uma teoria científica não tem o mesmo caráter de palpite da palavra "teoria" que você usa no dia a dia. A teoria da evolução, entre outras teorias às quais muitos gostam de tratar convenientemente como sendo "só uma teoria", trata-se apenas de um conjunto de informações e fatos, todos devidamente estudados, e nenhum deles foge à lógica ou à razão. A gravidade, assim como a evolução, também é uma teoria científica, e assim como ela, se for provada errada, será mudada. Até lá, se não acredita na gravidade, tente sair voando! O fato é que tem uma força aí puxando você pra baixo, não é mesmo?
Por fim, há ou já houve quem tratasse a religião como uma ciência, visto que é um dos ramos da filosofia. No entanto, algo que dispensa totalmente o método científico não deve ser tratado como tal, pois é justamente isso que leva seus crentes a relativizarem demais e chegar a argumentos absurdos.
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