Existem várias falácias de apelo a alguma coisa. Esse apelo pode vir em diferentes momentos, mas geralmente acontece porque se perde a razão. Neste caso, quando isto acontece, se apela ao emocional, dando-se um "argumento" que tenha a intenção de conquistar o interlocutor.
Veja os possíveis tipos de apelo à emoção na página sobre esta falácia no Wikipédia.
Existem inúmeros exemplos dessa falácia, e é facil pensar em algum deles. Como os que eu já citei várias vezes aqui no blog, de hoaxes e campanhas difamatórias, ou de vídeos conspiratórios no YouTube ou montagens no Facebook. Estes tentam, por exemplo, por meio de recursos audiovisuais, como músicas tocantes, frases de efeito e imagens fortes, conquistar o sentimento do receptor como forma de convencê-lo da validade de um argumento errado.
Veja se é fácil continuar sendo a favor de algo TERRIVELL E, ERRADO como o aborto depois deste vídeo comovente.
Vale lembrar que muitos fazem isso inconscientemente, sem se dar conta de que estão recorrendo a uma falácia, ou mesmo sem ter sequer consciência de que o que está dando não é um argumento válido.
Esta falácia pode ser usada para convencer de algo tanto positivamente quanto negativamente, usando imagens, cores, musiquinhas e outros recursos positivos quando se quer dizer que algo é bom, e negativos quando se quer difamar, incitar ódio, ou mesmo medo, mas este vai ser abordado separadamente depois.
E esse pensamento por comoção pode também guiar populações inteiras.
Vou agora tratar essa falácia como algo mais abrangente, usando um outro exemplo, um pouco mais distante. Pra mim, a religião também é um caso do Wishful Thinking, um dos possíveis tipos de apelo à emoção, descritos no link mais acima.
O Wishful Thinking é sobre tomar decisões ou seguir raciocínios com base nos seus desejos, em vez de em fatos ou na racionalidade.
![]() |
O Inferno De Dante. "Abandonai a esperança todos vós que aqui entrais" A Divina Comedia, Inferno, Canto III |
A obra de Dante Alighieri, do século XIV, A Divina Comedia, é tida como uma boa responsável pelo crescimento do número de adeptos a religiões.
Isso acontece porque ela é uma das primeiras obras a descrever tão detalhada e terrivelmente o inferno. Nesta obra, Dante faz uma viagem entre o inferno, o purgatório e o céu, e ela é dividida em três contos, um para cada. O conto Inferno ganha particular destaque e é essencialmente o conceito medieval do inferno. Este é descrito como sendo dividido em nove círculos, ou camadas, que vão se afunilando, cada uma contendo um castigo diferente.
As punições nas camadas do inferno vão de acordo com o pecado: os semeadores da discórdia são cortados em pedaços, os suicidas vivem como árvores até o fim dos tempos, aduladores nadam em mares de excrementos e traidores são condenados a terem suas cabeças comidas por aqueles que traíram.
Essa obra teria, dessa forma, ajudado a potencializar o medo das pessoas de irem para o inferno, tornando-as mais tementes.
![]() |
"Pape Satàn, pape Satàn, aleppe!". A Divina Comédia, Inferno, Canto VII |
Você já parou pra pensar como uma igreja usa em grande parte a comoção como ferramenta? Nós somos tocados pela palavra de Deus. O discurso efusivo do pastor orienta nossa cabeça e reforça nossas crenças. Muitos também querem colocar esse discurso como o certo para todos, por ser o seu preferido. Orientamos nossas ações, nossa visão do certo e do errado, com base nesse medo, na ideia de "fugir" do inferno, para ser aceito no céu. Muitas vezes, em detrimento da razão, o que está longe de ser novidade.
Pensando bem, talvez a falácia do apelo à emoção seja na verdade a preferida do ser humano, e a emoção seja o maior motivador do uso de falácias.
Este é o terceiro post da minha série sobre falácias. Veja os outros posts clicando aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário