quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Sobre Opinião Atrasada

Este é um post que está ligado àquele que fiz recentemente sobre a moeda da intolerância. Ele é para acrescentar uns pontos sobre aquela minha posição.

Um ou outro colega meu que tem a raiva da esquerda referida na ideia daquele post, afirma coisas do tipo "quer democracia só quando lhe convém: se alguém não pensa igual a ele, age com intolerância e exclui do Facebook".

Bem, realmente eu ando excluindo pessoas do Facebook por causa de política, mas para a pessoa dizer que faço isso por imaturidade, só porque não concordam comigo, só pode não me conhecer ou no mínimo não ter visto como eu sou na internet há anos.


Eu ando excluindo pessoas pelas seguintes duas razões:

Primeiro, por causa do constrangimento que debates políticos no Face vêm causando nos meus círculos na vida real. Já falei sobre isso neste post, e vou acrescentar.
Primeiro: pra ser seu amigo, eu obrigatoriamente tenho que ter você no Face? Ando excluindo pessoas justamente para continuar tendo condição de ser amigo, no meio de todo esse ódio nesses momentos (dizer que não tem ódio no meio disso tudo é brincadeira, né?). Se eu não te excluir, você fica vindo nos meus posts falar os mesmos pontos de vista que já refutei anteriormente, e sempre acaba dando em treta, e possíveis constrangimentos fora da internet ("Fulano tá com aquelas ideias dele lá de ateuzinho revoltado"). E se eu te excluir, é "Fulano me excluiu do Face por causa de política, tá alienado com essa revolta". Mas muitas pessoas você tem no face pra nada além de ficar tretando, então é melhor continuar falando com elas só na vida real, mesmo. Se depois de eu "desfazer uma amizade" com você, você chegar para falar comigo na vida real, vai entender que não te excluí por ódio ou só por causa de política, e que a ideia é justamente isso não afetar a vida real.

Segunda razão: A opinião atrasada.
Nos lugares da internet que eu frequentava antigamente, que eram principalmente debates de ateísmo, ciência, religião e razão, racionalidade, a gente notava o fato de que nós cansamos de explicar as mesmas coisas, e parece que aquele assunto já foi esgotado, porque você e todo mundo ali já esta careca de saber. Mas, desde que "o povo acordou", continua sempre tendo gente chegando agora nos debates.
Sempre vai ter alguém pra quem aquilo tudo é novo, e essa pessoa vai vir achando que aquela argumentação dela é a grande razão, assim como você também achava quando chegou, mas essa argumentação se trata de coisas que já cansamos de refutar, ou já refletimos tanto sobre que cansamos, e algumas coisas inclusive também já pensamos mas mudamos para outra opinião.
Aí, ou você tem uma santa paciência com aquela pessoa até ela chegar no mesmo nível que você, o que pode levar anos ou mesmo nunca acontecer, ou você entende que paciência tem limite e a ignora, deixando-a para descobrir sozinha.

Já falei também sobre a minha jornada nas redes sociais neste outro post. Ainda complementando a segunda razão.
Eu estou no Facebook há pelo menos 4 anos, e nesse período, já cansei, já me afastei e já voltei a usar inúmeras vezes. No começo, eu não usava pra compartilhar reflexões sobre assuntos complexos. Depois, comecei a usar pra isso e fazia os famosos textões.
Nessa época, eu tinha pensamentos parecidos com a criançada (que também inclui gente velha) que está chegando agora nos debates, de que "esse pessoal de esquerda é tudo revoltadinho sem razão, não posso falar nada que já fica histérico, tsc, isso é pensamento de manada". Meus textões tinham muito conteúdo, e eu tinha certeza que todo mundo leria e aprenderia, mas o que acontecia era que a maioria das pessoas não ligava pro que eu dizia. E eu agora entendo por quê: fim da paciência. Você deixa de ter saco pra opiniões e senso comum de direita. Justiça seja feita, creio que nem todos da esquerda sejam pessoas esclarecidas. Alguns, também por estarem chegando nos movimentos agora, debatem usando jargões, generalizando, por imaturidade mesmo, não de tanto já terem argumentado, mas pelo contrário, por não conseguir fazer uma reflexão mais profunda, por falta de experiência, mesmo. Mas enfim, o que estou dizendo com isto tudo é justamente que esse não é o meu caso.

Então, passei a fazer o que faço agora: só escrever muito quando for absolutamente necessário, quando tem alguma coisa que as pessoas à minha volta deveriam ver e sei que não estão vendo, quando tenho um recado que não deveria deixar de dar.
Até passei a usar o Twitter e aprendi a resumir mais os meus recados; eu que sempre fui do tipo que com 140 caracteres não consegue nem dar um bom dia, aprendi que em poucas palavras dá pra dizer muita coisa, mas tem que saber fazer.

Por fim, acima de tudo, nesse longo período, cansei de debater. Só falo agora coisas do tipo alfinetada, que não caberia questionamento, mas o povo que tá chegando agora e não sabe, acha que é só isso que eu tenho de argumentação, e que nem sei o que é racionalidade...

Não, é só que paciência tem limite, ok, gente?

Nenhum comentário:

Postar um comentário