terça-feira, 7 de agosto de 2018

#BolsonaroNão

O Bolsonaro conseguiu me fazer praticar uma coisa que outrora eu não defenderia nunca: querer que praticamente qualquer candidato ganhe, desde que não ele. É isso, o momento é de todos se unirem para impedir que esse senhor totalmente despreparado seja eleito presidente do Varonil. Mas eu vim aqui para desanimar vocês. A impressão é de que a situação é bem preocupante, e minhas impressões não costumam errar muito. Tomara que dessa vez sim.

Em primeiro lugar, é preciso saber que nada do que será dito aqui existe esperança de que entre na cabeça dos eleitores do Bolsonaro, e esse é um dos principais problemas. Para todo argumento que se der contra o Bozo, eles terão uma falácia pronta na ponta da língua para responder.

- Bolsonaro não... - disse Harry
Esqueça questões como desigualdade social, racismo, machismo, homofobia, essas coisas de maconheiro. Pra esse tipo de pessoa, tais coisas não existem. Se o Mito disse que os europeus não pisaram na África, os africanos é que se ofereciam como escravos, então isso é verdade. Se não era verdade, vai ser, é só deixar os bolsominions sem argumento a respeito.

No entanto, parece haver uma forma de convencer minions de que estão errados. A forma possivelmente eficiente de fazer isso é dando os fatos sobre o Herói, tais como o de em todos os anos de mandato ele só ter dois projetos aprovados (achei que fosse só um), mostrar como sua família enriqueceu "mamando nas tetas do Estado", mostrar seu completo despreparo pra presidir um país, não entendendo nada de todos os assuntos que um presidente deveria, etc.
Digo que essa forma pode ser eficiente porque, pelo menos eu, já fiz algumas vezes bolsominions ficarem calados simplesmente falando algum desses fatos só uma vez, o que sugere que essas pessoas não pensam muito, precisam de alguém que o faça por elas. Já estão cegas de amores, mas talvez, se martelar bastante, entre na cabeça. Quem sabe até outubro não dá pra convencer ao menos uma metade dessa gente de como estão sendo burros?

Imagem retirada do site bhaz
Mas o problema todo não são só os bolsomnions. Há uma outra principal questão que, aliada a essa, formam um só grande problema. Essa outra questão é: quem vai derrotar o Bolsonaro?

Primeiro, claro, tem o Lula. Mas a situação dele é anormal, como você já deveria saber. Ele está preso e, a princípio inelegível. Ele, no entanto, pode, como qualquer outro cidadão poderia, pleitear sua candidatura, e é isso que está acontecendo. Mas não é bizarro? Ele não poderia, por exemplo, sair da cadeia para fazer campanha, e se for tornado inelegível de novo após a eleição, haveria uma nova. Sem falar que há toda uma perseguição a ele e ao PT (e você sabia que até hoje tem gente em grupo de Facebook defendendo que o impeachment da Dilma foi legítimo?), e se ele for eleito, com toda certeza essa perseguição vai não só continuar, mas ganhar um super bonus com todo o calor e a fúria antipetista.
Se me perguntarem, pessoalmente eu acredito em Lula, sim. Apesar de ser uma situação estranha, e essa questão ainda ser muito incerta, o PT não vai desistir tão fácil de sua candidatura, e se conseguir concorrer direito, ganha do Bolsonaro com facilidade. Digamos que o Lula não é meu candidato preferido, mas num segundo turno entre os dois eu socaria o treze-confirma com gosto. Leia aqui sobre a situação da candidatura de Lula. Lembrando que o PT confirmou o lançamento da mesma esses dias. Esse site é o G1 mas ele não é o único lugar na internet onde fala da situação do Lula, pesquise você, mas direito.

E essa é a esperança mesmo, porque num cenário sem Lula é que esta segunda questão se tornaria a mais crítica. Primeiro que se ele tornar-se inelegível antes das eleições, o PT deve ainda lançar Haddad, que certamente viria com muito menos força.

Com Lula - Retirado do G1, fonte Ibope

Sem Lula - Retirado do G1, fonte Ibope
Aí você tem o Ciro Gomes, em quem há uma crença, mas você viu aí as intenções de votos. Vai precisar de mais gente acreditando nele, hein.
Aí você tem a Marina Silva. Enfim, próximo.
Aí vem as outras opções minúsculas. Preciso destacar o que ouvi falar da Manuela D'Ávila recentemente. Andaram dizendo por aí que ela é o "Bolsonaro da esquerda", e essa é a grande vencedora do prêmio Analogia Merda do Século. As pessoas adoram fazer analogias com tudo e soltam coisas como essa. Enfim, ainda vamos falar sobre analogias aqui. Mas essa pra mim é absurda: não é possível que a Manuela D'Ávila já não teve mais de dois projetos aprovados, pra você querer dizer que ela é o Bolsonaro da esquerda...
Primeiro que você já tem a esquerda toda dividida, com uns apontando dedos para outros como numa briga entre feministas brancas e negras (já viu que isso tem rolado por aí? A vontade é de chorar), quando todos precisariam se unir. Complicado acreditar no Brasil.

ATUALIZAÇÕES
1 - Com Lula, este será o candidato do PT. Sem ele, o candidato será Haddad. Em ambos os casos, a Manuela D'Ávila será a vice na chapa do PT, em uma chapa de parceria. Com isso, o PCdoB retira sua candidatura a presidente.
2 - (30/09/2018): Veja aqui uma pesquisa mais recente. Sim, estamos aí acompanhando, afinal este texto foi publicado em agosto e até o fim das eleições o cenário poderia mudar muito. Siga acompanhando nesta atualização o que muda. De lá pra cá, já teve facada e a hashtag já mudou e ficou mil vezes mais popular. #elenao.

Fato é que o Bolsonaro tem força por dois motivos.
Um: sua fanbase é muito sólida e fiel. Não é eleitorado, é fanbase, vai. No cenário sem Lula, para derrotá-lo, vai ser necessário que até outubro haja um crescimento grande de outro candidato, porque o mais preocupante é a falta de uma outra unanimidade tão forte nesse caso. Resta saber para onde migrariam os eleitores do Lula. Pra Ciro? Pro próprio Haddad? Votariam branco/nulo? Aqui, cabe falar da importância de avisar os indecisos. Tem gente "isentona" aí que acha que o Bolsonaro não tem problema nenhum, o que é um grande e óbvio engano, e se essa gente não se informar, vai acabar estragando tudo. O que nos leva ao motivo dois.
Dois: o fato de ele não ser levado a sério. Nessa de tratá-lo como ridículo, há o risco de não se dar atenção ao problema que de fato representa, e assim ele vai ficando. O lado bom é que isso tem mudado bastante. Mas ainda é preciso convencer os indecisos de tudo isso.
O foco no momento deveria ser impedir que ele seja presidente. Acho isso até mais importante do que quem ganhe: se o Bolsonaro for tirado da jogada no primeiro turno, aí haverá um segundo turno entre duas visões de Brasil. Enquanto tiver ele, vai ser só um grande circo onde todos o confrontam com perguntas e ele responde com palhaçadas e é aplaudido. Eleição sem Lula é golpe e com Bolsonaro é circo.

Esse político conseguiu me fazer chegar ao ponto de achar isso tudo. Esses dias, tive uma indigestão por causa de alguma coisa que comi e me fez mal. Mas não precisa comer comida ruim pra isso, basta lembrar que em outubro tem eleição. Lembrar que o Bolsonaro vai concorrer, então, aí é colocar a janta toda pra fora. Mas tomara que tudo que eu disse neste post esteja errado... Não quero um Trump brasileiro. É isso que seria.

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