O chamado Efeito Dunning-Kruger, também chamada de "Síndrome do Idiota Confiante" tem a ver com isso.
Veja se você não conhece um indivíduo do tipo que quer aparecer como o mais esperto, mais fodão da roda de amigos, ou não necessariamente de amigos. Ele chega ali como quem pensa (ainda que inconscientemente) "vamo ver o que esses caras sabem, mas com certeza não é mais do que eu".
Eu conheço vários, e essa atitude pode se manifestar de várias formas. Ele pode ser o mais falastrão ou o bonzão, mas demonstrar incômodo ou raiva quando alguém sabe mais ou é melhor do que ele em alguma coisa com a qual ele quer aparecer, por exemplo. Se você é essa pessoa, cuidado: você pode sofrer da Síndrome do Idiota Confiante.
Já mencionei aqui neste singelo blog sobre críticas só por criticar, sobre a mania que muita gente tem de querer parecer que entende de tudo.
Você não precisa parecer foda toda vez. Saiba usar o silêncio: quando não entender do que vai falar, não fale.
Mas aí é preciso pensar se entende mesmo ou não, e essas pessoas não querem saber de considerar essa possibilidade. Também há o outro problema, da opinião ser rasa, sem base, mas que a pessoa acredita ser boa.
Isso é o que ilustra o tal do Idiota Confiante, o Efeito Dunning-Kruger: quanto maior a ignorância, maior a confiança de que se sabe, pra resumir.
Entenda melhor o efeito Dunning-Kruger nesta matéria muito boa que li esses dias, do Gazeta do Povo, e a definição dele no Wikipédia.
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Bolsonaro não tem quase nenhum projeto aprovado na câmara, mas muitos eleitores o têm como ídolo pela "sinceridade". |
Citando essa matéria do Gazeta, que fala sobre como esse efeito explica a ascensão de certos políticos, os especialistas, incluindo o próprio Dunning, dizem que parte dos eleitores, especialmente aqueles necessitados de um discurso que apele mais para a emoção, são conquistados pelas palavras fortes mas ignoram onde estão os graves erros desses candidatos.
Em momentos eleitorais, o efeito se massifica e ajuda a intensificar o fundamentalismo de tais discursos.
Quem compra esses discursos, que muitas vezes são preconceituosos ou de ódio, normalmente o faz (de novo, ainda que inconscientemente) por causa da pose que lhe dá de "fodão", pela força do discurso, porque ele parece coisa de pessoa "sincera". Se ele está certo ou não, não importa tanto quanto o fato de lhe fazer aparecer. Na verdade, para muitos isso não importa nada. Na verdade, pra muitos, o discurso de ódio e preconceito está certíssimo. Ele dá a essas pessoas uma superioridade ilusória no debate.
Aliás, refletindo sobre esse assunto, fica evidente a relação de proporção inversa da inteligência com o preconceito, concorda? Quanto menor a primeira, maior o segundo. Há, claro, outras provas disso. Veja mais uma matéria, esta da Revista Pazes, falando de um estudo feito sobre isso.
A sensatez é uma virtude que não parece mas é raríssima. Qualquer um pode se dizer sensato, mas raros são aqueles genuinamente sensatos.
Muita gente diz ter uma virtude, mas não a tem realmente. Ou mesmo tem uma característica que nem é uma virtude mas que acredita que é. Ou faz alguma coisa, nem sempre bem, e se convence de que é bom naquilo. Existe uma necessidade de se enaltecer e de se convencer de que é bom em alguma coisa, talvez para se sentir bem consigo mesmo.
O desafio é ser sensato de verdade e ter cabeça pra saber, sem ser prepotente, se você é mesmo acima da média naquilo, se tem mesmo algo a acrescentar numa discussão, etc.
Repito: você não precisa parecer foda toda vez. Muitas vezes é melhor não acrescentar nada, fazendo isto apenas quando tiver certeza do que vai dizer, quando tiver certeza de que aquilo vai acrescentar, que é importante.
Pode parecer que isso é simples, mas este na verdade pode ser um exercício dificílimo, especialmente pra quem tem dificuldade em não querer parecer o melhor.
Todos nós podemos sofrer da Síndrome do Idiota Confiante em algum grau. Só precisamos mostrá-la o mínimo possível. A sensatez e o silêncio bem utilizado são duas ferramentas úteis para isso.
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