terça-feira, 26 de julho de 2016

Você Não É O Dono Da Régua Na Música (E Funk É Música!)

Música é uma forma de arte que se constitui na combinação de vários sons e ritmos, seguindo uma pré-organização ao longo do tempo.

Mais alguns conceitos básicos da cartilha de teoria musical:
Um som musical é qualquer som (seja vindo de um instrumento, seja um ruído qualquer) que componha uma melodia;
Melodia é a sucessividade de sons musicais;
Harmonia é a simultaneidade de sons musicais.

Bata no tampo do violão ou arraste a palheta ou os dedos nas cordas e você já pode ter sons musicais

"Um Funk" tem uma melodia, e vejam só vocês, uma harmonia também! Ainda que, muitas vezes, pouco original.

Então... pra quem tem dúvida, realmente parece que não há como negar: é música. E, sendo música, também é arte, e cultura, vejam!

Não tem por quê questionar se funk é música ou não. A questão pode ser a qualidade.

Vou aproveitar que esse post está pequeno e meio avulso pra falar mais um pouco.

Sobre a qualidade, eu tenho umas opiniões muito pessoais sobre música, e uma delas é a de que não tem música ruim.

Isso porque - e as pessoas precisam aprender isso pra falar menos asneiras - não existe uma forma errada de se fazer música.
A gente só tem que admitir que existe música mais original que outra, mais rica, etc. Temos que dar o mérito a quem merece, também.
Mas a música que é simples, menos original, menos rebuscada, não está errada em ser assim, porque ninguém é obrigado a fazer música complexa.

A sua música tem que ser como você sente. Se você achar que está boa assim, então está boa.
Se o cara que fez a música Parado Na Esquina (Mc Roba Cena) quis passar a ideia de que ela "empina", ele consegue isso muito bem no refrão, "empina, empina, empina...". Pra quem já ouviu a música, lá do longínquo ano de 2011: esse verso passa uma ideia bem precisa do rebolado no pulso da música, não?
Essa música se propõe a passar essa sensação. Se ela consegue fazer aquilo a que se propõe, se consegue passar a sensação que pretendia (olha uma das possíveis definições de arte aqui: "desencadear algum tipo de resposta no ser humano, como senso de prazer ou beleza"), então ela é boa.

Dizem que este assunto é muito relativo, e de fato é. Contudo, vale lembrar uma coisa: a ideia que se tem de que "se pra mim essa é boa e aquela é ruim, então essa é boa e aquela é ruim" é uma opinião leiga.


Ainda que mais relativa, a qualidade de fato, independente de opinião, ainda existe na música.

Pra começar a explicar o que eu disse, vou fazer uma analogia com, sei lá, pasta de dente, pra demonstrar o que é a qualidade de fato.
Digamos que você tenha duas marcas de pasta de dente, A e B.
O que uma pasta de dente tem que fazer? Limpar bem os dentes, resumindo.
Digamos que a pasta que faz isso melhor é a A, mas você gosta mais da B porque prefere o sabor dela. Isso faz da B uma pasta melhor? A questão mais importante aqui é: não importa se a pasta B é a melhor pra você. A melhor pasta é a A. É a que faz melhor o que uma pasta de dentes tem que fazer, não importa qual você prefira. O que você pode fazer é mudar o discurso: a B não é a melhor pasta, é só a que você mais gosta. Isto pode nos fazer entrar naquela questão do "sua opinião está errada", que é melhor deixar pra outra conversa.

Fiz essa analogia só pra mostrar onde é que está o perigo de se fazer relativizações tais como dizer que "se é a melhor pra mim, é isso que importa". Você tem as suas preferidas, a sua opinião, mas a medida de qualidade externa, do mundo, ainda existe. Não é você o dono desta régua, quem determina esta medida. Cuidado pra não relativizar demais.

Se você diz que Iron Maiden é a melhor banda, então pode dar a entender que pra uma banda ser boa, ela tem que buscar ser como o Iron. De fato esta é uma banda muitíssimo boa, mas aí é você que está dizendo que Iron Maiden é parâmetro.

Viajei e usei muito a palavra "música" neste post. Pra não divagar demais, concluindo: é tudo música, até Funk. A qualidade é discutível, mas ela é relativa. No entanto, não tanto quanto você pensa, e ainda dá pra dizer qual música é "melhor" que outra, mais original, etc., apesar de eu, pessoalmente, defender que não existe música ruim de fato: só quem tem como saber realmente a que a música se propunha e se ela atinge isso é o próprio autor. E a partir do momento em que ele a lançou, é porque ele crê que ela atinge. Mesmo que não perfeitamente, ela está satisfatória. Muitas vezes, você não tem nem como saber exatamente o que o artista queria com aquela música. Percebeu como pode ser prepotência querer cravar que uma música é ruim?
Mas o importante aqui é lembrar que mesmo que a qualidade da música seja tão relativa, ela ainda existe, e não cabe a você determinar o que é bom ou ruim, por mais que isso envolva o seu gosto próprio.

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